terça-feira, dezembro 20, 2011

Hei-los que mandam partir


Esta música do Manuel Freire não foi a primeira que me veio à inspiração quando vi as recentes declarações do Sr. Secretário de Estado da Juventude e, depois, do Sr. Primeiro Ministro. Confesso que o meu brasileirismo me trouxe uns versos do Chico - "ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso Portugal", e ainda estou mesmo tentado a encarar tais declarações como uma manifestação de neo-expansionismo, evocação de um 6º Império a criar, portugalizar o mundo, enfim, "cumprir seu ideal" de nação sem latitudes definidas, toma lá ó Dante que voltámos a ter tugas a vender laranjas no purgatório! Ah, luso sangue aventureiro, por ti clamam os teus barões reassinalados!


Eles partem agora como partiram então: sem dinheiro, sem futuro. O universalismo assim montado é uma treta, é uma treta quando nos é imposto, quando não sai da nossa vontade - mais das oportunidades que procuramos em alternativa, do que pela falta de alternativas às oportunidades que procuramos e não encontramos.
Eu, universalista porque vejo o mundo como um todo e a mim dentro dele, me confesso: um dia quero sair, experimentar novas culturas, aprender a tocar vilão com o Chico Buarque e dançar tango em Buenos Aires. Mas agora só saio quando vos puder ver partir primeiro, para longe, para muito longe, para muito muito longe.


Mas, para terminar, mantenho a alegoria, agora na Mensagem do Pessoa:


E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme


E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»


Ou de El-Rei ou do Alexandre Mestre e do Passos Coelho, não?... Nã!....

Sem comentários: