quinta-feira, fevereiro 23, 2012

A Luta Continua!

Republico um texto que escrevi há 5 anos. Hoje cumprem-se 25 anos da morte do Zeca e 30 anos de vida do Amândio. A Luta Continua!

"Faz hoje, dia 23 de Fevereiro de 2007, 20 anos da morte do homem que, sem dúvida, representa uma das maiores expressões de um artista que junta a sua voz à voz do povo, que defende e que agita esse povo, que lhe dá esperança e força para lutar. Para mim, quando, em qualquer circunstância, a voz do povo se levanta para lutar pela Liberdade, por qualquer progresso histórico da sua existência, a voz que oiço na minha cabeça é a voz do Zeca Afonso.

Deixem-me partilhar com vocês uma história, uma das memórias mais vivas da minha infância. Há vinte anos atrás, levantei-me de manhã como era normal, para ir para a escola. Lembro-me de ver a minha mãe a chorar, um choro estranho - acho que nunca lhe tinha visto aquele choro. Perguntei-lhe o que era e ela disse-me que tinha morrido um amigo dela, que tinha sido um senhor muito importante, algo que fui percebendo ao longo do dia. Segui o dia com uma atenção infantil: ir para a escola, voltar da escola, saber que os meus pais não iam estar em casa quando eu voltasse porque iam ao funeral do Zeca, esperar que eles voltassem, ouvir os comentários que faziam entre si sobre o funeral. A imagem que tenho do funeral do Zeca vem desse dia, todas as primeiras imagens que tenho do Zeca vêm desse dia, das biografias que se sucediam na televisão, as primeiras músicas que aprendi fora do repertório do Prof. Barata Moura foram do Zeca, algumas (arrisco dizer) decoradas nesse dia de há vinte anos.
Desculpem o sentimentalismo, mas o dia 23 de Fevereiro de 1987 foi o primeiro dia triste da minha vida consciente. Guardei essa tristeza a vida toda, mesmo quando a maioria dos dias foram e são felizes. Desde pequeno que fico com vontade de chorar quando canto o Grândola - foi um hábito que guardei da imagem de um Zeca de cravo vermelho na mão, rodeado de gente, lembrando que "o povo é quem mais ordena", imagem que me marcou muito antes de compreender a significância do verso, do Zeca, da gente que o rodeava, do cravo vermelho num punho erguido.
Até confesso uma coisa: a capacidade de chorar ao ouvir a música do Zeca foi usada até para fins menos honestos, digamos assim - quando era preciso provocar o choro, uma lágrima de arrependimento, qualquer coisa assim, traulitava mentalmente o Grândola e lá conseguia a atenuação da pena que me ia ser aplicada! Bem, mas na maior parte das vezes, emocionei-me em momentos mais nobres, quase todos de luta.

Bem, a descrição que fiz não é alegre. Mas esta evocação não pretende ser triste - a vitalidade eterna da música do Zeca Afonso só pode encher de alegria as nossas casas e as nossas ruas! Morreu o homem, a obra sem dúvida que ficou e se expande, nas obras de outros, na vida e nas lutas de todos nós.

Hoje é também um dia importante por uma motivo mais alegre - o Amândio faz anos, uns 25! Um grande abraço de parabéns para ele, "amigo maior que o pensamento"!"

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Vacuidades

Pois que a vida não cabe num post e graças ao senhor que não. De que vale partilhar, neste espaço, as nossas opiniões, emoções, planos e expectativas, se nem somos considerados na décima divisão do Combate de Blogs?
Eu respondo, ainda; proponho, pois; ambiciono, portanto - este é o espaço da sistematização, da disciplina, da organização do pensamento posto em palavras - do que espero fazer bem... um dia.

Tudo mais, não são vacuidades. Porque não são só minhas.

Quantos dias depois do último post? Sei mais que quero de matemáticas e, em homenagem a isso, respondo por passadas. Um espectáculo a estrear no grupo comunitário da Arrentela, uma viagem a S. Tomé, um beijo no corredor de casa, o reconhecimento de que o amor é o beijo a seguir ao abraço e tudo o mais abaixo será quanto muito o abraço a seguir ao beijo, agarrar Os Generosos e ter a audácia (vácua?) de dar um passo que não sei se sei, dormir pouco porque não quero, acordar mal porque não consigo acordar bem, esperar que o meu tio Tonica recupere rápido e bem, sonhar sair e cimentar o ficar, catapultar o voar e ansiar a geofagia, caminhar com mais de 300 mil pessoas contra o roubo que me (nos) fazem todos os dias, pensar que há-que esticar a corda para ver melhor o que aí vem e em como é que vamos fazer para esticar a corda, sobreviver (porquê ainda?) ao inverno de Lisboa.

O mundo muda e eu tenho tudo a ver com isso. Só não o partilho, ainda. Com medo de vacuidades, com falta de tempo, com sono. E com inveja, mas não ainda do Combate de Blogs...

Sobre tudo isso, darei de mim aqui. Aos poucos, quando me apetecer ou puder.