quinta-feira, novembro 11, 2004

Yasser Arafat morreu hoje

Morreu hoje, aos 75 anos, o presidente da Autoridade Palestiniana, Yasser Arafat.
A sua morte constitui um rude golpe na luta do povo palestiniano. Arafat foi, de facto, o líder da resistência daquele povo, tendo exercido essa função durante quarenta anos. Quarenta anos em que colocou na consciência do mundo a causa do seu país, em que contribuiu para a projecção do direito aos palestinianos viverem numa Palestina livre, independente e soberana.
Nestes anos, Arafat pegou em armas, em ramos de oliveira, apertou a mão a inimigos numa tentativa de levar, através de conversações, a paz para o médio oriente (recebeu por isso o prémio Nobel), voltou a pegar em armas, voltou a experimentar negociações. Nos últimos três anos, viveu sitiado num bunker, com o mundo a assistir de olhos fechados. E desse bunker saiu para Paris, para a ele regressar com o fim da vida, intensa mas inacabada. Inacabada porque morreu sem ver o objectivo da sua vida concretizado.
Os tempos que se seguem são complexos. Diria mais: complicados! Primeiro, as questões internas que envolvem a sucessão do Presidente; segundo, a abordagem ao seu desaparecimento, nomeadamente a de Israel.
Sendo tempos difíceis, a sua morte não altera nem pode alterar o direito à criação do estado Palestiniano. Esta não foi a demanda louca de um homem isolado, mas é a luta de todo o povo da Palestina. Luta que só vai terminar quando esse objectivo for cumprido.
Palestina Vencerá!

terça-feira, novembro 09, 2004

15 anos depois

Pois é, faz hoje 15 anos sobre a queda do mundo de Berlim!
A efeméride sugere sentimentos contraditórios: por um lado, a existência de muros de qualquer espécie não pode ser aceite de ânimo leve; por outro lado, o simbolismo histórico do derrube do Muro provoca a consternação de quantos, por esse mundo fora, acreditaram e acreditam na construção de uma sociedade socialista.
A própria criação do Muro de Berlim é contraditória. O capitalismo dominante pretende resolver essa contradição atribuindo as culpas ao "império soviético", pelo que a queda do muro significa a libertação da Alemanha e do mundo do perigo do comunismo. Esta é a mensagem que passou nestes 15 anos, é a mensagem a que a RTP (pelo menos) vai dedicar a sua programação nocturna.
Mas a realidade não é tão simples. A contradição moral que constitui o primado da questão terá que ser vista à luz de um pós-guerra (2º Grande Guerra) e de um processo de paz bastante complexo. Talvez a sua resolução assente no facto de a União Soviética nunca ter dado o primeiro passo para a agressão, donde o Muro, sendo por princípio criticável, é justificado pela necessidade de defesa contra as pressões que, das mais diversas formas, os países da recém criada NATO impunham.
15 anos depois, não se pode dizer que o povo da ex-RDA ou de qualquer dos outros países da chamada europa de leste tenha visto a sua vida melhorar. Pelo contrário: a alteração de sistema económico fez com que toda a sociedade desses países entrasse em colapso, catapultando o desemprego, as criminalidades e a emigração.
É interessante constatar que grande parte dos alemães da ex-RDA (61%) não estão agradados com o funcionamento da democracia (leia-se democracia parlamentar) enquanto 76% consideram que o socialismo é uma boa ideia que teve uma má aplicação (tirado do Avante! nº1605). O desagrado com o "abraço ao capitalismo" e a euforia deveniente dá-se logo pouco tempo depois da queda do muro, quando se constata que o mundo de sonho e de abundância que o ocidente fazia de si mesmo não correspondia à verdade.
Infelizmente, mesmo quem queira ver tem algumas dificuldades! As extraordinárias realizações sociais da URSS e dos países socialistas parece que se perderam no esquecimento logo após o colapso deste bloco. E as ofensivas do capitalismo não só não pararam como ganharam outro fôlego- a verdade histórica é deturpada, ao significado das coisas é dado outro significado, erguem-se muitos outros muros, reais e imaginários.
Mas para o mundo a leste do fantasma do Muro de Berlim ainda há quem consiga discernir algo mais parecido com a verdade, alguém que não vê no derrube de um muro o derrube de um sonho. Pelo mundo inteiro, os ideias socialistas e comunistas resistem e avançam, nas mentes de homens e mulheres que sonham e constroem um mundo diferente.

Brigada "Pablo Neruda"

A Brigada
À data da publicação deste artigo já terão passado dois meses desde o regresso de Cuba da delegação da JCP integrada numa Brigada de Solidariedade a esse país das Caraíbas. Esta Brigada, “baptizada” de Brigada “Pablo Neruda”, integrava jovens de vários países da Europa, nomeadamente - além de Portugal - da Grécia, da Alemanha, da Turquia, do Chipre e da República Checa, totalizando um total de 45 pessoas. Como objectivo principal, a Brigada “Pablo Neruda” tinha de contribuir para a reconstrução de uma residência universitária, na Universidade de Matanzas “Camilo Cienfuegos”; outro objectivo, não menos importante, era o de conhecer o mais aprofundadamente possível a realidade cubana, as suas dificuldades e os seus pontos positivos, no sentido de, chegados ao nosso país, desmistificarmos com a verdade do que vimos o que por cá se conta de Cuba. Em relação à reconstrução da residência, fizemos o nosso melhor; em relação ao conhecimento que temos da realidade cubana, permite-nos, de facto, falar da Revolução com a qual somos solidários com conhecimento de causa, nem mais nem menos, apenas com o conhecimento de causa da vivência de três semanas como cubanos.
A Revolução. A interferência dos Estados Unidos
Comemoram-se neste ano de 2004 os 45 anos da Revolução Cubana. A história destes 45 anos é a história da luta de um povo pela concretização da sua independência, da sua soberania. É a história da construção de uma sociedade onde não caiba a exploração do Homem pelo Homem, uma sociedade humanista onde o indivíduo se possa concretizar, uma sociedade feita pelo povo para o povo. E os efeitos das políticas da Revolução podemos constatá-los – desde a eliminação do analfabetismo logo nos primeiros anos, à elevadíssima taxa de escolaridade, nomeadamente de formação superior (espera-se que em poucos anos Cuba se torne o país mais culto do mundo), à total ausência de epidemias ou de doenças características dos países em vias de desenvolvimento (dos quais Cuba faz parte), às condições de segurança, às preocupações ambientais, ou às acções de solidariedade para com o resto do mundo. E constatámos isto abordando livremente as pessoas na rua, desde o velho que lia o jornal na rua, ao jovem que desejava as nossas roupas de marca, à família que almoçava em casa ou à senhora que aguardava ser chamada no hospital. E tamanhas realizações só se conseguem porque em Cuba todos os graus de ensino são gratuitos e universais (chega-se a dar um salário para que as pessoas tirem um curso), porque o acesso à saúde é totalmente gratuito e universal, porque a rede de técnicos em todas as áreas é alargada e activa, porque em tudo o que se faz há o envolvimento e a participação de todos. Mas Cuba não tem somente coisas boas. Os erros do passado e os problemas do presente são, aliás, abertamente assumidos e analisados. Contribui, no entanto, como entrave ao pleno desenvolvimento do país um facto fundamental: a constante interferência dos Estados Unidos (EEUU). Interferência em vários planos: militar, não hesitando em recorrer a tácticas terroristas; económica, através do bloqueio de 45 anos, agora aguçado pela administração Bush; e social, incentivando a emigração ilegal dos “balseros” ao mesmo tempo que reduz as possibilidades de emigração legal, reduzindo os números de vistos de entrada e o número de viagens que um trabalhador cubano a viver nos EEUU pode fazer à sua ilha natal (ainda assim, 90% dos cubanos que emigram vão por via legal). De facto, quando nos confrontámos com a degradação dos utensílios de construção, com o estado dos edifícios, com a preparação mental de resistência que as pessoas tinham em relação a uma esperada invasão militar da ilha, compreendemos que o que Cuba tem hoje em dia a si o deve, mas é alheio ao seu povo e aos seus governantes a maioria das coisas que lhe falta. Outra questão que foi várias vezes colocada foi a da continuidade da Revolução, nomeadamente no pós-Fidel. A esta questão também a resposta dos cubanos foi peremptória – a Revolução vai continuar porque o povo está com ela, porque não quer voltar atrás, porque a Revolução é o povo, em cada cubano há um Fidel Castro e não é o seu desaparecimento físico que nos vai impedir de continuar, diziam.
Últimas Notas
Com este artigo tentou-se dar uma ideia do que se sentiu durante a estadia em Cuba. Só uma ideia muito vaga, visto não ser possível colocar neste espaço a infinidade de coisas que foram sentidas naquelas três semanas. Essencialmente vimos, ouvimos, presenciámos coisas que escapam a turistas e que nos aparecem, de quando em quando, totalmente deturpadas pela comunicação social. Como se disse no início, podemos agora falar com conhecimento de causa. E, nem mais nem menos do que vimos, acho que se pode dizer que se Cuba não é um país perfeito (porque nenhum sistema humano o é), pelo menos, é justo. E quantas vezes cada um de nós não pensou nas léguas civilizacionais a que o nosso país “civilizado” se encontra…Ter ido a Cuba aumentou-nos a confiança que, sim, é possível um mundo mais justo, com o socialismo, rumo ao comunismo. E aqui de Portugal juntamos as nossas vozes às vozes dos companheiros cubanos para dizer como o Che: “Hasta la Victoria Siempre”.
Luis Capucha
(Este artigo encontra-se em www.cadernovermelho.pt.vu)

CRIMES NEFANDOS DE LESA-HUMANIDADE

Matanzero pretende ser também um espaço de discussão política, das questões concretas às mais intrincadas questões ideológicas.
Aqui, uma apresentação de imagens da barbárie da invasão americana no Iraque:
http://www.bushflash.com/pl_lo.html
A quem estiver interessado, sobre esta ou sobre muitas mais questões, aconselho a visitarem o site resistir.info. Demorem-se por lá...

segunda-feira, novembro 08, 2004

Apresentação

Olá a todos.
Este é o meu blog, ou melhor, é o blog que criei para transmitir a quem quiser um pouco do que vejo, do que leio, do que me impressiona. É, ou pode ser também, um espaço em que quem quiser pode transmitir um pouco do que vê, do que lê, das impressões que tem acerca dos mais variados temas.
Avante, então...