segunda-feira, julho 27, 2009

Declaração do Conselho Mundial da Paz sobre a situação nas Honduras

Divulgo a seguinte declaração, porque a soberania e a liberdade dos povos assim o exige:

Declaração do Conselho Mundial da Paz sobre a situação nas Honduras

Aprovada na Reunião Regional das Américas do Conselho Mundial da Paz

Graves acontecimentos ocorreram nas Honduras nas últimas semanas. Os sectores mais reaccionários das Honduras, ligados ao imperialismo norte-americano, orquestraram um golpe militar contra o presidente constitucionalmente eleito Manuel Zelaya.


O golpe é fruto de uma reacção dos sectores mais conservadores das Honduras face às mudanças políticas que vem sendo levadas adiante pelo presidente Zelaya, em especial a consulta ao povo hondurenho para a convocação de uma Assembleia Constituinte.


A reacção da oligarquia hondurenha é fruto também da aproximação do governo do presidente Zelaya aos governos progressistas da América Latina e do ingresso das Honduras na Aliança Bolivariana para as Américas – ALBA – e consequente seu distanciamento dos EUA, diminuindo ainda mais a influencia norte-americana na região.


A cada facto novo tornam-se mais evidentes as impressões digitais do imperialismo norte-americano no golpe perpetrado nas Honduras. O envolvimento da burguesia hondurenha com os sectores mais conservadores dos EUA advém de longa data. Na década de 80, um dos períodos mais sangrentos da historia da América Central, Honduras foi a principal base de apoio para as operações de guerra suja contra a revolução sandinista e outros países da região, orquestradas pelos falcões John Negroponte e Otto Reich, que eliminaram as vidas de milhares de pessoas na região. As Honduras também foram base por longos anos, do maior terrorista das Américas, Posadas Carriles. Carriles, orquestrou desde ai, vários atentados contra Cuba e prestou seus serviços à guerra suja na região.


Os sócios hondurenhos de John Negroponte, Otto Reich e Posadas Carriles estão envolvidos no golpe militar, sendo que alguns dos principais generais golpistas foram alunos exemplares da nefasta Escola das Américas, centro de excelência na prática de golpes militares e técnicas de tortura dos EUA para a América Latina.


É evidente a influência de sectores ultra-reaccionários incrustados no aparato do Estado norte-americano, como militares e sectores da inteligência dos EUA no golpe. Nas Honduras também funciona a base militar dos EUA de Soto Cano, localizada em Palmerola, a 97 km de Tegulcigalpa, uma moderna estrutura que comporta condições de operação de aviões C-5, os maiores dos EUA, além de ser sede da "Força de Tarefa Conjunta Bravo", subordinada ao Comando Sul com sede em Miami. O presidente Manuel Zelaya vinha afirmando que iria romper o tratado que permitia aos Estados Unidos utilizar o solo hondurenho para suas aventuras bélicas. Não há a menor dúvida de que esta posição soberana incomodou os falcões do imperialismo.


As últimas semanas têm sido de intensa resistência popular. Milhares de pessoas enfrentam diariamente o recolher obrigatório e as perseguições para garantirem, a partir da mobilização popular, o retorno do presidente constitucionalmente eleito Manuel Zelaya.


Em face de tais acontecimentos, a reunião regional das Américas do Conselho Mundial da Paz, reunida na cidade do Rio de Janeiro declara:


- Condenamos energicamente o golpe de Estado em Honduras


- Afirmamos nosso apoio e solidariedade ao povo hondurenho, que mesmo sob toque de recolher e intensa repressão, tem mantido a resistência nas ruas exigindo o retorno do presidente constitucional.


- Defendemos o imediato retorno do presidente Manuela Zelaya às suas funções.

- Denunciamos a estratégia dos golpistas em prolongar as negociações com o intuito de buscar legitimidade.


- Demandamos aos governos da região o não reconhecimento do governo golpista e que ao mesmo tempo suspendam as relações bilaterais com Honduras até a normalização da situação.


- Demandamos o encerramento imediato da base militar de Soto Cano, que indirectamente deu suporte à acção dos golpistas, além da suspensão dos programas financeiros de cooperação militar.


Defender a democracia hoje em Honduras é defender as transformações políticas que vem acontecendo na América Latina!

Toda a solidariedade ao povo hondurenho!

24 de Julho de 2009


Conselho Mundial da Paz

World Peace Council