sexta-feira, abril 26, 2013

Abril é nosso!

O programa das comemorações do 25 de Abril que se me apresentava para hoje, não era extenso, mas era oficial e, de certa forma, formalmente sentido - só não me fazia sentido.

Perdeu-se a espontaneidade alegre das comemorações de Abril, aquela força da evocação de algo que nos preenchia, que era maior que nós e que por isso se revestia de um poder simbólico que pedia envolvimento, pedia povo, pedia rua, exigia exaltação. O simbolismo dessa evocação, dessa comemoração, acompanhou em intensidade, materialmente falando, um regresso - tão penoso para muitos tantos - a um tempo formal, austero, castrador onde "... havia homens que comiam tanto tanto que todo o corpo podia ser estômago; outros, não tinham nada para lá meter."

 Este 25 de Abril, em Vila Franca, quis que fosse de rua, de novo. Meses andei, de braço dado com outros, a construir cultura, a fazer teatro, a exercer liberdade para mim e para os outros. O meu direito e o meu dever era alargar esse exercício, hoje, 25 de Abril, 39 anos depois, a quem quisesse vir comemorar a Revolução - nas ruas, nas coletividades, aberto, informal, livre - com outros. Hoje, portanto, houve "Barrigas e Magriços" no Ateneu - Manhã de Abril! Dia de Abril, concretizado no Desfile em Lisboa e com O Subterrâneo, novamente no Ateneu - com outros: amigos, camaradas, irmãos de sonhos e ambições de liberdade e criação.
Faltei às evocações formais, mas Abril não são discursos fechados e um cravo na lapela engomada, uma vez por ano! Nem é o argumento vazio de que Abril é todos os dias, porque se vota e se pode dizer o que se pensa e ah e tal! Abril é sempre porque o defendemos, porque nos recordamos e porque o podemos repetir. Porque o devemos repetir!

Hoje, Abril foi mais nosso!