quarta-feira, dezembro 22, 2004

Dia D - A Verdade sobre quem derrotou o nazi-fascismo

6 de junho de 2004
Por Augusto C. Buonicore
Hoje os governos da Europa ocidental e dos Estados Unidos estão fazendo uma grande festa para comemorar os 60 anos do desembarque aliado na Normandia. Uma operação militar que ficou conhecida por dia D. O imperialismo norte-americano procurará utilizar este dia para reforçar mais uma falsificação histórica. Alardeará aos quatro ventos que foi graças a ele, com o apoio dos ingleses, que foi possível derrotar os exércitos alemães e libertar da Europa do nazi-fascismo. Venderá a idéia de que a Europa deve a ele a sua liberdade e sua democracia. Bush não cansou de bater nesta tecla ao exigir a solidariedade total dos países europeus para a sua “guerra infinita”. Mas nada poderia ser mais falso.
Na verdade, o destino do nazi-fascismo começou a ser decidido ainda em dezembro de 1942 quando os exércitos soviéticos impuseram a primeira grande derrota às hordas bárbaras germânicas, barrando seu avanço irresistível. Até então as tropas de Hitler pareciam invencíveis. Elas haviam batido, sem grande esforço, os exércitos de Tchecoslováquia, Polônia, Dinamarca, Noruega, Holanda, Polônia, Bélgica e França. Em maio de 1940, cerca de 400 mil soldados franceses e ingleses, cercados, tiveram de realizar uma arriscada retirada estratégica através do Canal da Mancha.
Em junho de 1941, após a rápida vitória na frente ocidental, o imperialismo alemão voltou seus olhos para o leste e, desrespeitando um tratado de não-agressão, iniciou a ocupação do território soviético. Alguns meses depois chegaram mesmo a ficar a poucos quilômetros da capital. Mas, no início de dezembro, os soviéticos iniciaram uma contra-ofensiva que levou os alemães a recuarem centenas de quilômetros, afastando assim o perigo que pairava sobre Moscou.
Em 1943, os exércitos alemães conheceriam outra derrota na cidade de Stalingrado. Contra ela os nazistas mobilizaram 36 divisões, chegaram mesmo a ocupar parte de seu território. Milhares de aviões lançaram bombas incendiárias e explosivas. Os bombardeios visavam indistintamente a escolas, museus, hospitais, teatros e residências civis. O exército vermelho e o povo armado resistiram palmo a palmo. A situação militar dos nazistas na frente russa ficou desesperadora. A superioridade militar passou decididamente para o lado soviético.
No início de janeiro de 1943, o último foco de resistência alemã se rendeu. Os soviéticos haviam destruído um exército composto de mais de 330 mil homens e fizeram mais de 90 mil prisioneiros, entre eles 24 generais e um marechal-de-campo: Von Paulus. Afirmou o poeta comunista Aragon: “Não era Stalingrado que caía, mas a própria dominação hitlerista”.
Durante o auge do conflito, a URSS insistiu para que os aliados cumprissem o prometido e abrissem uma segunda frente na Europa, com o objetivo de aliviar a pressão nazista sobre os exércitos soviéticos que resistiam em Stalingrado e outras regiões. Naquele momento, cerca de 3/4 dos exércitos alemães combatiam na frente oriental contra a URSS. Os aliados prometeram várias vezes abrir uma nova frente de combate, mas não cumpriam suas promessas. Ocorreu, então, uma vasta campanha internacional contra a inação dos comandos militares aliados que permitiam que um único país arcasse com todo o peso da resistência contra a besta nazi-fascista.
Suspeitava-se de que alguns “aliados” desejavam ver a Alemanha e a URSS se desgastarem ao máximo para depois intervirem. Afinal Harry Truman, futuro presidente dos EUA, havia declarado ao New York Times em 24 de julho de 1941, pouco depois da ocupação a URSS: “Se virmos a Alemanha ganhar, devemos ajudar os russos. Se a Rússia estiver por cima, devemos ajudar os alemães, de modo que eles se matem uns aos outros ao máximo”. Ainda no começo de 1943 o próprio primeiro-ministro inglês Churchill afirmou: “os aliados ocidentais estavam ‘brincando’ com seis divisões alemãs, ao passo que os russos estavam enfrentando 185”. Esta posição começava a se tornar insustentável diante da opinião pública mundial.
Somente em junho de 1944, quando já estava claro que os exércitos soviéticos poderiam vencer a guerra sozinhos, e já caminhavam triunfantes em direção a Berlim, foi que os exércitos anglo-americanos desembarcaram no norte da França e marcharam rapidamente em direção à Alemanha. Mesmo na França e na Itália a luta pela libertação foi dirigida pelos comunistas e teria sido vitoriosa mesmo sem apoio norte-americano.
O alto-comando alemão tendo que decidir quem tomaria a capital alemã, novamente fortaleceu suas defesas do lado oriental e facilitou o avanço anglo-americano. Afinal, estes faziam parte da civilização ocidental e cristã. Inútil, pois seriam os soviéticos que chegariam primeiro e hasteariam a bandeira vermelha com a foice e o martelo no Reichstag. O fascismo que nasceu com o objetivo de destruir o movimento operário e o socialismo foi por este derrotado.
Portanto, o Dia D — embora tivesse desempenhado o seu papel na derrota da Alemanha nazista —, não deve ser superestimado como pretendem os governos norte-americano e inglês. Buscam inflar o papel do desembarque aliado na Normandia para ofuscar o papel central que tiveram o povo e o Exército Soviético. Isto faz parte da grande batalha que se trava hoje pelos corações e mentes dos povos do mundo. Uma batalha entre os defensores da guerra e da opressão dos povos e aqueles que se levantam pela paz e pela libertação da humanidade das garras do imperialismo.

sábado, dezembro 18, 2004

48 anos depois...

Hoje, dia 18 de Dezembro, comemoram-se os 48 anos do reagrupamento dos guerrilheiros que sobreviveram ao desembarque (nas palavras de Che Guevara: "não foi um desembarque, foi um naufrágio") da lancha Granma, na costa leste cubana.
Foi em 1956, que na Sierra Maestra, os rebeldes comandados por Fidel Castro se reagrupam, depois de terem sido atacados pelas tropas do exército regular cubano, de terem perdido grande parte dos efectivos, depois de dias a andar à deriva, isolados individualmente ou em pequenos grupos.
A história dos dias que se seguiram é conhecida. De um grupo aventureiro e condenado ao fracasso formou-se o moralmente poderoso Exército Rebelde, que viria a concretizar a Revolução no 1º de Janeiro de 1959.
Os 45 anos que se seguiram, até aos dias de hoje, foram anos de extraordinárias realizações, de momentos conturbados, de imagens e acções que perduram na memória colectiva do mundo inteiro, nomeadamente na dos homens e mulheres que lutam por um mundo mais justo, mais solidário, fora da barbárie a que o imperialismo nos subjuga.

domingo, dezembro 12, 2004

Pronto, confessamos !

Vítor Dias no "Semanário"26 de Novembro de 2004

No exacto dia da abertura dos trabalhos do 17º Congresso do PCP, somos forçados a fazer um impressionante conjunto de confissões que arrasam compromissos e convicções de grande parte da nossa vida.
Sim, confessamos que o PCP não tem a mais pequena ideia ou proposta interessante para apresentar ao país ou o mais pequeno papel a representar na vida política portuguesa, a ninguém sendo lícito perder tempo a interrogar-se porque é que, assim sendo, tantos comentadores e pessoas de outros quadrantes políticos sempre tão hostis ao PCP, à vez e não todos sobre tudo, exprimem posições praticamente idênticas às defendidas pelo PCP sobre um vasto conjunto de problemas e questões.
Sim, confessamos que o PCP é “um deserto de valores” e um território político de onde, por oitava praga do Egipto, se sumiu todo o brilho, talento, sentido de humor, competência e inteligência.
Sim, confessamos mais em concreto que o PCP, como alguns agora inteligentemente redescobriram, não tem intelectuais e que são meros pseudónimos ou invenções do departamento de propaganda do PCP todos os nomes de destacados e qualificados intelectuais que são apresentados ou se assumem como membros do PCP ou que às centenas figuram habitualmente nas listas de apoio à CDU.
Sim, confessamos que os comunistas estão “velhos” e que isso é uma consequência natural desse justíssimo sistema em que, por cada ano que passa, os comunistas passam a ter mais um ano de idade, coisa que só a eles acontece e a que merecidamente escapam comentadores, jornalistas e membros de outros partidos.
Sim, confessamos o grave e irreversível “declínio” eleitoral do PCP e a exclusiva responsabilidade que nele têm as orientações “obsoletas” e a empedernida resistência dos comunistas a gloriosas “mudanças”, com isto confessando também que não partilhamos da ideia “crispada”, “fechada” e “sectária” de que muitos dos que nos “media” flagelam o PCP por maus resultados eleitorais seriam bem mais sérios se, pura e simplesmente. dissessem : “Conseguimos! Bem fizémos por isso”.
Sim, com respeito por todas as opiniões, confessamos entretanto que é um escândalo de bradar aos céus que um ex-operário possa porventura ser eleito Secretário-geral do PCP, não vindo agora ao caso lembrar quantos se deslumbraram e babaram com a chegada de Lech Walesa à Presidência da República da Polónia nos anos 90 ou com a eleição de Lula da Silva como Presidente do Brasil em 2002.
Sim, confessamos que é uma imperdoável perversidade antidemocrática que no PCP se façam auscultações ou consultas alargadas sobre nomes em vez de assumir uma escolha arbitrária e iluminada, se fale em “inclinação” em vez de decisão ou eleição (que, por acaso, só outro órgão ainda a eleger pode fazer) e se fale em preparação de propostas quando, como toda a gente sabe, no PSD, no PS, no CDS-PP e no BE, elas sempre aparecem por geração espontânea ou por recado, via e-mail ou SMS, do Espírito Santo (não é o banco).
Sim, confessamos que é uma horrorosa prática antidemocrática que no PCP, ao longo de dois meses, se realizem cerca de mil reuniões de militantes para discutir documentos, teses e propostas políticas e se divulgue a lista proposta para o seu Comité Central antes de o Congresso começar, sendo necessário reconhecer que fazem bem todos os jornalistas e comentadores que, pelos vistos, consideram como irrepreensíveis práticas de outros partidos como a de divulgar as moções para Congresso apenas quatro dias antes da sua realização ( o que significa que a esmagadora maioria dos delegados entra para o Congresso sem as ter lido) ou a de afixar listas apenas ao início da manhã da própria votação.
Sim, confessamos que os rótulos e etiquetas persistentemente aplicados a comunistas (e a ex-comunistas) são uma incomparável manifestação de seriedade, espírito crítico e profundidade e que, razoavelmente e de todos os pontos de vista, nada se pode objectar ao decreto mediático que, “per secula seculorum” e salvo o parágrafo seguinte, procedeu à rígida e quase imutável identificação dos “ortodoxos” e “renovadores”, dos monstros e dos belos, dos demónios e dos anjos, dos cinzentos e dos cintilantes.
Sim, confessamos o nosso rendido acordo à ideia longamente concretizada de que, salvo excepções que se contam pelos dedos de uma mão, comunistas bons ou com valor só aquele nosso primo ou o “gajo porreiro” que conhecemos da nossa rua ou empresa, só quem tenha entrado em conflito público com o PCP, só quem tenha deixado de ser comunista ou só quem já tenha morrido.
Todas estas confissões de um dirigente do PCP, embora quase ignoto e irrelevante, têm, como seria de esperar, uma volta na ponta e visam propor um negócio ou um acordo sem o qual ficam sem valor ou falhas de sinceridade. E que consiste em, como justa contrapartida, jornalistas, comentadores e responsáveis de outros partidos se absterem durante três meses de, cansativa e desnecessariamente, repetirem, a seu modo, a substância essencial destas confissões e antes se dedicando a outro tipo de análises. Porventura igualmente críticas, como é seu direito, mas menos ligeiras e mais informadas, menos preguiçosas e mais exigentes, menos cansadas e mais inovadoras.
E assim permitirem que, por via desta espécie de trégua negociada, os portugueses possam ajuizar pela sua própria cabeça dos méritos e deméritos e dos defeitos e qualidades do PCP, livres, por três meses, do turvo maremoto de preconceitos, falsificações, esquematismos, dogmatismos e ódios mal disfarçados que hoje, como ontem e anteontem, procuram cercar o PCP e impedir o seu reforço de influência que tantos, com inexcedível cinismo e desvelo tão comovente quanto suspeito, proclamam desejar ardentemente.

quinta-feira, novembro 11, 2004

Yasser Arafat morreu hoje

Morreu hoje, aos 75 anos, o presidente da Autoridade Palestiniana, Yasser Arafat.
A sua morte constitui um rude golpe na luta do povo palestiniano. Arafat foi, de facto, o líder da resistência daquele povo, tendo exercido essa função durante quarenta anos. Quarenta anos em que colocou na consciência do mundo a causa do seu país, em que contribuiu para a projecção do direito aos palestinianos viverem numa Palestina livre, independente e soberana.
Nestes anos, Arafat pegou em armas, em ramos de oliveira, apertou a mão a inimigos numa tentativa de levar, através de conversações, a paz para o médio oriente (recebeu por isso o prémio Nobel), voltou a pegar em armas, voltou a experimentar negociações. Nos últimos três anos, viveu sitiado num bunker, com o mundo a assistir de olhos fechados. E desse bunker saiu para Paris, para a ele regressar com o fim da vida, intensa mas inacabada. Inacabada porque morreu sem ver o objectivo da sua vida concretizado.
Os tempos que se seguem são complexos. Diria mais: complicados! Primeiro, as questões internas que envolvem a sucessão do Presidente; segundo, a abordagem ao seu desaparecimento, nomeadamente a de Israel.
Sendo tempos difíceis, a sua morte não altera nem pode alterar o direito à criação do estado Palestiniano. Esta não foi a demanda louca de um homem isolado, mas é a luta de todo o povo da Palestina. Luta que só vai terminar quando esse objectivo for cumprido.
Palestina Vencerá!

terça-feira, novembro 09, 2004

15 anos depois

Pois é, faz hoje 15 anos sobre a queda do mundo de Berlim!
A efeméride sugere sentimentos contraditórios: por um lado, a existência de muros de qualquer espécie não pode ser aceite de ânimo leve; por outro lado, o simbolismo histórico do derrube do Muro provoca a consternação de quantos, por esse mundo fora, acreditaram e acreditam na construção de uma sociedade socialista.
A própria criação do Muro de Berlim é contraditória. O capitalismo dominante pretende resolver essa contradição atribuindo as culpas ao "império soviético", pelo que a queda do muro significa a libertação da Alemanha e do mundo do perigo do comunismo. Esta é a mensagem que passou nestes 15 anos, é a mensagem a que a RTP (pelo menos) vai dedicar a sua programação nocturna.
Mas a realidade não é tão simples. A contradição moral que constitui o primado da questão terá que ser vista à luz de um pós-guerra (2º Grande Guerra) e de um processo de paz bastante complexo. Talvez a sua resolução assente no facto de a União Soviética nunca ter dado o primeiro passo para a agressão, donde o Muro, sendo por princípio criticável, é justificado pela necessidade de defesa contra as pressões que, das mais diversas formas, os países da recém criada NATO impunham.
15 anos depois, não se pode dizer que o povo da ex-RDA ou de qualquer dos outros países da chamada europa de leste tenha visto a sua vida melhorar. Pelo contrário: a alteração de sistema económico fez com que toda a sociedade desses países entrasse em colapso, catapultando o desemprego, as criminalidades e a emigração.
É interessante constatar que grande parte dos alemães da ex-RDA (61%) não estão agradados com o funcionamento da democracia (leia-se democracia parlamentar) enquanto 76% consideram que o socialismo é uma boa ideia que teve uma má aplicação (tirado do Avante! nº1605). O desagrado com o "abraço ao capitalismo" e a euforia deveniente dá-se logo pouco tempo depois da queda do muro, quando se constata que o mundo de sonho e de abundância que o ocidente fazia de si mesmo não correspondia à verdade.
Infelizmente, mesmo quem queira ver tem algumas dificuldades! As extraordinárias realizações sociais da URSS e dos países socialistas parece que se perderam no esquecimento logo após o colapso deste bloco. E as ofensivas do capitalismo não só não pararam como ganharam outro fôlego- a verdade histórica é deturpada, ao significado das coisas é dado outro significado, erguem-se muitos outros muros, reais e imaginários.
Mas para o mundo a leste do fantasma do Muro de Berlim ainda há quem consiga discernir algo mais parecido com a verdade, alguém que não vê no derrube de um muro o derrube de um sonho. Pelo mundo inteiro, os ideias socialistas e comunistas resistem e avançam, nas mentes de homens e mulheres que sonham e constroem um mundo diferente.

Brigada "Pablo Neruda"

A Brigada
À data da publicação deste artigo já terão passado dois meses desde o regresso de Cuba da delegação da JCP integrada numa Brigada de Solidariedade a esse país das Caraíbas. Esta Brigada, “baptizada” de Brigada “Pablo Neruda”, integrava jovens de vários países da Europa, nomeadamente - além de Portugal - da Grécia, da Alemanha, da Turquia, do Chipre e da República Checa, totalizando um total de 45 pessoas. Como objectivo principal, a Brigada “Pablo Neruda” tinha de contribuir para a reconstrução de uma residência universitária, na Universidade de Matanzas “Camilo Cienfuegos”; outro objectivo, não menos importante, era o de conhecer o mais aprofundadamente possível a realidade cubana, as suas dificuldades e os seus pontos positivos, no sentido de, chegados ao nosso país, desmistificarmos com a verdade do que vimos o que por cá se conta de Cuba. Em relação à reconstrução da residência, fizemos o nosso melhor; em relação ao conhecimento que temos da realidade cubana, permite-nos, de facto, falar da Revolução com a qual somos solidários com conhecimento de causa, nem mais nem menos, apenas com o conhecimento de causa da vivência de três semanas como cubanos.
A Revolução. A interferência dos Estados Unidos
Comemoram-se neste ano de 2004 os 45 anos da Revolução Cubana. A história destes 45 anos é a história da luta de um povo pela concretização da sua independência, da sua soberania. É a história da construção de uma sociedade onde não caiba a exploração do Homem pelo Homem, uma sociedade humanista onde o indivíduo se possa concretizar, uma sociedade feita pelo povo para o povo. E os efeitos das políticas da Revolução podemos constatá-los – desde a eliminação do analfabetismo logo nos primeiros anos, à elevadíssima taxa de escolaridade, nomeadamente de formação superior (espera-se que em poucos anos Cuba se torne o país mais culto do mundo), à total ausência de epidemias ou de doenças características dos países em vias de desenvolvimento (dos quais Cuba faz parte), às condições de segurança, às preocupações ambientais, ou às acções de solidariedade para com o resto do mundo. E constatámos isto abordando livremente as pessoas na rua, desde o velho que lia o jornal na rua, ao jovem que desejava as nossas roupas de marca, à família que almoçava em casa ou à senhora que aguardava ser chamada no hospital. E tamanhas realizações só se conseguem porque em Cuba todos os graus de ensino são gratuitos e universais (chega-se a dar um salário para que as pessoas tirem um curso), porque o acesso à saúde é totalmente gratuito e universal, porque a rede de técnicos em todas as áreas é alargada e activa, porque em tudo o que se faz há o envolvimento e a participação de todos. Mas Cuba não tem somente coisas boas. Os erros do passado e os problemas do presente são, aliás, abertamente assumidos e analisados. Contribui, no entanto, como entrave ao pleno desenvolvimento do país um facto fundamental: a constante interferência dos Estados Unidos (EEUU). Interferência em vários planos: militar, não hesitando em recorrer a tácticas terroristas; económica, através do bloqueio de 45 anos, agora aguçado pela administração Bush; e social, incentivando a emigração ilegal dos “balseros” ao mesmo tempo que reduz as possibilidades de emigração legal, reduzindo os números de vistos de entrada e o número de viagens que um trabalhador cubano a viver nos EEUU pode fazer à sua ilha natal (ainda assim, 90% dos cubanos que emigram vão por via legal). De facto, quando nos confrontámos com a degradação dos utensílios de construção, com o estado dos edifícios, com a preparação mental de resistência que as pessoas tinham em relação a uma esperada invasão militar da ilha, compreendemos que o que Cuba tem hoje em dia a si o deve, mas é alheio ao seu povo e aos seus governantes a maioria das coisas que lhe falta. Outra questão que foi várias vezes colocada foi a da continuidade da Revolução, nomeadamente no pós-Fidel. A esta questão também a resposta dos cubanos foi peremptória – a Revolução vai continuar porque o povo está com ela, porque não quer voltar atrás, porque a Revolução é o povo, em cada cubano há um Fidel Castro e não é o seu desaparecimento físico que nos vai impedir de continuar, diziam.
Últimas Notas
Com este artigo tentou-se dar uma ideia do que se sentiu durante a estadia em Cuba. Só uma ideia muito vaga, visto não ser possível colocar neste espaço a infinidade de coisas que foram sentidas naquelas três semanas. Essencialmente vimos, ouvimos, presenciámos coisas que escapam a turistas e que nos aparecem, de quando em quando, totalmente deturpadas pela comunicação social. Como se disse no início, podemos agora falar com conhecimento de causa. E, nem mais nem menos do que vimos, acho que se pode dizer que se Cuba não é um país perfeito (porque nenhum sistema humano o é), pelo menos, é justo. E quantas vezes cada um de nós não pensou nas léguas civilizacionais a que o nosso país “civilizado” se encontra…Ter ido a Cuba aumentou-nos a confiança que, sim, é possível um mundo mais justo, com o socialismo, rumo ao comunismo. E aqui de Portugal juntamos as nossas vozes às vozes dos companheiros cubanos para dizer como o Che: “Hasta la Victoria Siempre”.
Luis Capucha
(Este artigo encontra-se em www.cadernovermelho.pt.vu)

CRIMES NEFANDOS DE LESA-HUMANIDADE

Matanzero pretende ser também um espaço de discussão política, das questões concretas às mais intrincadas questões ideológicas.
Aqui, uma apresentação de imagens da barbárie da invasão americana no Iraque:
http://www.bushflash.com/pl_lo.html
A quem estiver interessado, sobre esta ou sobre muitas mais questões, aconselho a visitarem o site resistir.info. Demorem-se por lá...

segunda-feira, novembro 08, 2004

Apresentação

Olá a todos.
Este é o meu blog, ou melhor, é o blog que criei para transmitir a quem quiser um pouco do que vejo, do que leio, do que me impressiona. É, ou pode ser também, um espaço em que quem quiser pode transmitir um pouco do que vê, do que lê, das impressões que tem acerca dos mais variados temas.
Avante, então...