sábado, outubro 27, 2012

Inquietação

Não consigo perceber o que quero. Mas sei bem o que não quero. E é no que não quero que invisto, porque não quero mais nada (ou pelas circunstâncias, as circunstâncias...).

Verso a verso, esta música soterra-me e liberta-me, ano após ano há tantos anos. Sei porquê. "Porquê não sei ainda". Aqui, na bela ambiência dos Dead Combo e da voz do Camané.


terça-feira, outubro 16, 2012

Luta à mostra...

Não consegui estar presente ontem, no cerco a S. Bento. Como não consegui ir à Praça de Espanha, nem ao final da Marcha da CGTP, no passado sábado - um pessoa, à falta de pão seco, agarra-se às migalhas que vai apanhando, mesmo quando isso a impede de estar nos sítios onde sente que é importante estar.

O cerco de ontem teve duas coisas a que sou bastante sensível: a luta por uma sociedade mais justa, em específico quando as medidas que nos têm sido apresentadas contrariam exactamente esse caminho e obrigam a uma luta, ela mesma, mais combativa; e maminhas. Se me tivessem dito que iria haver maminhas eu acho que tinha faltado ao trabalho!

As revoluções de carácter liberal têm sido representadas pela nudez feminina. A força da Liberdade de Delacroix, ou a República, são exemplos disso. Mas tenho-as imaginado sempre com belezas suadas, carvão na cara, pólvora em todo o lado, o vestido a ser dissolvido, fibra a fibra, pelas ondas de choque das explosões, um homem exangue que antes de finar-se se agarra com mais força, o prender-se o pano no escalar da barricada... Ao retratá-las, elas são a força, são a vitória, a dor e a alegria. E são milhões...


Não ponho de lado qualquer tipo de luta, pacífica ou violenta. Se despirem-se contribui para chamar mais gente, pacificar a repressão e "excitar" as massas, em nome de uma radicalização da luta, que se dispam - até eu me despiria, se não acreditasse que seria contraproducente!

Mas continuo a esperar pelas mulheres que inspiraram o Delacroix...