Passa mais um ano, mais um Dia Mundial do Teatro, e nisto dos dias mundiais lembro-se sempre daquelas pessoas que dizem "ah, para mim todos os dias são dias mundiais de...".
É verdade! 25 de Abril Sempre!, Dia do Trabalhador são todos para quem é trabalhador, e da Mulher talvez devessem ser mais, mas existirem dias em que nos sentamos para reflectir sobre cada um destes temas, permitir que essa reflexão alimente a vontade de colocar em todos os dias os valores dos dias que são mundiais e nacionais por alguma razão, tem a razão exactamente de voltarmos a esses valores, como que a aprimorar a Ética. As pessoas que dizem "ah, para mim todos os dias são dias mundiais de...", recusam (?) o fetichismo mercantilista que desvirtua a essência destes dias, que é uma essência de afirmação, mas esquecem-se também dessa essência e encerram-se sozinhos na sua critica (ou, ligando à anterior interrogação, sozinhos sem crítica).
Neste Dia Mundial do Teatro, não vou lutar pelo Teatro sozinho. O Teatro, como a cultura em geral, é património de um território, faz parte e constrói uma história, é componente fundamental da estrutura de um povo - por isso magoa vê-lo abandonado à sua sorte, sem o apoio e o incentivo de todos nós (Estado), sem uma educação de base que crie públicos, sujeito a pintar retratos a mecenas - situação tão Renascentista! - apenas com a cara que têm os mecenas, ou seja, só a fazer aquilo que quem dá o dinheiro (que é privado, não somos todos nós) quer!
Deixo, aqui, a mensagem do Dia Mundial do Teatro de 2012, escrita pelo grande John Malkovich:
“Fico honrado por o ITI – Instituto
Internacional do Teatro – me ter pedido para fazer este discurso
comemorativo do 50º aniversário do Dia Mundial do Teatro. Vou então
dirigir estes breves comentários aos meus companheiros de teatro, meus
pares e meus camaradas.
Que o vosso trabalho possa ser
apaixonante e original. Que ele possa ser profundo, comovente,
contemplativo, e único. Que ele nos ajude a reflectir sobre a questão do
que significa ser humano, e que esta reflexão seja guiada pelo coração,
sinceridade, candura, e charme. Que consigam ultrapassar a adversidade,
a censura, a pobreza e o niilismo, que muitos de entre vós serão
obrigados a enfrentar. Que sejam abençoados com o talento e rigor para
nos ensinar sobre o batimento do coração humano, em toda a sua
complexidade, e com a humildade e curiosidade que faça disto o trabalho
da vossa vida.
E que o melhor de vós próprios – porque
só poderá ser o melhor de vós próprios, e mesmo assim apenas em raros e
breves momentos – consiga definir a mais fundamental questão ‘como
vivemos nós’ ?
Desejo sinceramente que o consigam."Agora, vamos ao Teatro!
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