domingo, janeiro 08, 2012

Preparados para sair...

O inefável ministro Miguel Relvas, esse senhor que eu gostava de ver algures entre o Peso Pesado e a Anatomia de Grey, reforçou publicamente o seu gosto por ver os jovens portugueses a "darem novos mundos ao mundo".

Parece que ao conversar com jovens portugueses em Maputo, Moçambique, o ministro, qual Infante D. Henrique, entende que, graças à lusa adaptabilidade, é nossa vocação criar diáspora, sair, descobrir mercados fora dos mercados em que ele, e os seus congovernantes actuais e anteriores, nos enterraram. Diz a sumidade: “Esta é uma emigração muito bem preparada. Nós investimos significativamente nos últimos 20 anos numa geração e hoje não lhes damos aquilo de que eles precisam, que é o emprego”. Não digo, e já o afirmei em posts anteriores, que tenho alguma coisa contra a emigração - a sua concretização por afirmação pessoal do emigrante ou por necessidade, é respeitável e enriquecedora. Mas este incentivo, considerando inclusivamente o investimento que todos nós fizemos nestes jovens, é obsceno.

O governo da nação demite-se de promover o desenvolvimento da coisa. Desperdiça o investimento que realizou, que realizámos, para que estes jovens pudessem ter uma formação que garantisse a Portugal uma sociedade mais capacitada académica, técnica e culturalmente. Manda esse investimento embora, em vez de procurar aproveitá-lo. É triste... Mais triste é ver um governante todo com ar de programa televisivo de por pessoas a não-pensar todo contente por falar com portugueses em Moçambique. Talvez devesse falar mais com os portugueses que queriam construir os seus percursos, as suas vidas, na sua cidade, no seu país, e a quem faltam diariamente as oportunidades. Talvez aí, talvez, deixasse a verborreia de vender paliativos para começar a tratar, de vez, da criação de alternativas aqui, neste lugar em que, feliz ou infelizmente, nascemos e nos construímos.

Sem comentários: